Scotland, ye bonnie land II

Glencoe, Fort William e o caminho para Skye

Na manhã seguinte, depois de uma noite retemperadora e do tal scottish breakfast de aquecer o corpo e alma, seguimos em direção à ilha de Skye, atravessando Glencoe e Fort William. 
Apesar de na véspera já termos ficado completamente arrebatadas pela paisagem, as cores e a luz das Terras Altas, não estávamos, de todo, preparadas para o que se seguiu. Há lugares que nos ficarão gravados para sempre na memória e na pela - o caminho para Skye, foi apenas o princípio de uma história de amor assolapada. 









Quando nos começámos a aproximar de Glencoe, do seu vale, lagos e montanhas, o meu coração começou a bater de uma forma mais acelerada, os meus olhos abriram-se ainda mais, numa tentativa de captar tudo o que tinham à frente e todos os meus sentidos ficaram alerta, numa explosão de adrenalina e emoções. Há ali qualquer coisa de muito familiar - talvez reminiscências da minha infância e adolescência passadas em grande parte em Trás-os-Montes e as semelhanças que consegui encontrar entre as suas paisagens, cores e cheiros e as paisagens que se desenrolavam perante os meus olhos atentos, quilómetro após quilómetro.









Talvez as saudades desses tempos e das pessoas que os habitaram tenham alavancado esta paixão imensa por uma terra que não me pertence. Talvez haja uma ligação mais profunda e antiga, raízes celtas a correrem-me no sangue e a querer brotar por cada poro da minha pele. Seja o que for, é cada vez mais real e palpável e urgente. Como uma história inacabada a precisar de ser vivida, de alguma forma.









O sagrado tem, por vezes, a dimensão de montanhas, a imensidão de um céu em vários tons de azul, charnecas de urzes e outras vegetações rasteiras a perder de vista, castelos centenários e estradas  cujas pedras, caso falassem, contariam estórias desde os princípios dos tempos. É ali, no meio de cardos-selvagens e rochas vulcânicas que a presença do divino se faz sentir dentro de mim, numa comunhão de energias milenares. A sensação de plenitude é, a seu tempo, estimulante e apaziguadora.










(continua...)











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