Scotland, ye bonnie land VIII

 Um farol ao cair da tarde e a despedida sofrida a Skye





Depois da praia, tínhamos ainda algumas horas de luz para aproveitar em Skye, antes de nos termos que despedir da ilha e seguir viagem, em direcção a Inverness.
Queríamos continuar junto ao mar mais um bocadinho, por isso o destino seguinte pareceu-nos óbvio: nada melhor do que um farol situado em local idílico para acabar a tarde. Chegamos batidas a vento, gratas por ainda não termos apanhado um pingo de chuva e com os olhos a sorrir muito devido a tamanha beleza.







Desde que me lembro de ser gente que sou completamente fascinada por faróis - pelo edifício em si e a sua utilização, mas também por todas as histórias que normalmente lhes são associadas. Tempos houve em que queria habitar um, passando os dias a escrever junto ao mar e as noites a velar pela segurança de todas as navegações que cruzassem o horizonte. 






O vento fazia bailar uma ténue neblina por entre os montes e rochas, formando cortinas misteriosas junto às escarpas. Estava frio, mas por esta altura o nosso corpo já se havia habituado às agruras do clima escocês. O frio nas Terras Altas parece entranhar-se por cada poro da nossa pele, sendo depois imediatamente esquecido assim que os nossos olhos se deparam com aquelas paisagens e a nossa alma é embalada pelo sotaque melodioso e o sorriso franco das suas gentes. 



Dizer adeus a Skye avizinhava-se muito mais difícil do que alguma vez poderíamos ter imaginado. Uma boa parte de nós ficava para sempre por entre aquelas montanhas e lagos e espalhada ao longo da sua costa. Não sabíamos ainda o que fazer a tantas emoções ou como processar tudo o que tínhamos vivenciado em tão pouco tempo - dois dias que nos pareceram uma eternidade ansiada mas que tinham passado demasiado a correr.
Como que pressentindo a nossa tristeza, um pequeno grupo de corças e veados assomaram a um pequeno monte à beira da estrada para que nos pudéssemos despedir com um dos até breve mais sinceros das nossas vidas.



Tentando fintar o tempo que corria apressado aos nossos pés, ainda tentamos chegar às Fairy Pools com luz do dia suficiente para fazer o percurso até à cascata e poder nadar com as fadas. Quando chegamos ao estacionamento aconselhado, a noite caía a pique e um luar lindíssimo espreitava já por entre as montanhas. Deixamo-nos ficar ali alguns instantes, em silêncio, deixando a tristeza acalmar dentro de nós. As fadas teriam que ficar para uma próxima vez - como se precisássemos de mais algum motivo para voltar o quanto antes.


See you soon, my dearest!





Blessings be with ye, both now and aye 

      Dear human creatures! 

Yours is the love that no gold can buy! 
      Nor time wither 
Peace be to thee and thy children, O Skye! 
      Dearest of islands.

- Alexander Nicolson -



Sem comentários:

Enviar um comentário