Scotland, ye bonnie land VI

Final de tarde em Skye: como a Natureza sempre desperta a criança que há em nós 

Depois de nos termos recomposto um pouco com o almoço alancharado no simpático pub com vistas para o mar, voltamos à estrada. Havia ainda algumas coisas que queríamos ver antes de irmos procurar o Airbnb onde iríamos passar a noite. No entanto, muito mais do que riscar monumentos e sítios de visita obrigatória, queríamo-nos perder por entre montes e vales, ficar em êxtase a cada virar de curva na estrada e absorver tudo, com a curiosidade e a alegria genuína das crianças.
Em poucos sítios me senti tão livre como naquelas terras altas, tão sem amarras, tão em paz comigo mesma. Com uma sensação de querer, e conseguir, conquistar o mundo. Sem medos.






Um dos sítios que não queríamos deixar de visitar é um mirante de onde é possível observar e apreciar uma impressionante cascata de água doce sobre o mar - a Mealt Falls. É um espetáculo da Natureza magnífico e hipnótico. A força da água a cair sobre o mar num fluxo constante, imparável, remeteu-me para o decorrer da vida e do tempo. Há que aproveitar o seu curso incessante da melhor maneira e mergulhar no mar, de forma esperançada.
As falésias que se desenham naquela costa da península de Trotternish fazem lembrar o padrão de um kilt escocês, com os seus vários tons entrançados, quase um tartan perfeito - daí o nome de Kilt Rock. É, muito seguramente, algo melhor apreciado do mar, de onde se consegue ver as enormes rochas em toda a sua dimensão e esplendor. Contudo, o pouco que se consegue visualizar do cimo da falésia, vale bem a pena os quilómetros percorridos para lá chegar. 
Ali, novamente, foi possível sentir uma energia única, que nos transportou para tempos e lugares ainda mais remotos. É um lugar com uma aura particular, ajudada pelo som algo enigmático produzido pela vedação metálica do ponto de observação, cujos canos, quando soprados pelo vento, emitem um som vibrante e estridente a fazer lembrar o canto das baleias que, dizem, de vez em quando ainda é possível avistar naquela zona. É verdadeiramente assombroso. 











Completamente embaladas por aquele cenário e pelo canto do mar, do vento e das baleias, seguimos viagem rumo à remota cottage onde iríamos pernoitar. Pelo caminho, ainda houve tempo para apreciar o pôr-do-sol sobre o mar, correr sobre a relva verde e brincar à apanhada e às escondidas com um pequeno rebanho de ovelhas que vive em pequenos apartamentos com vista para o mar. Foi dos momentos mais hilariantes de toda a viagem, completamente relaxadas, só nós, as ovelhas e o mar. 


















Liberdade, é a definição perfeita para aquele fim de tarde. Conexão com a Natureza e todo o meio envolvente o seu nome do meio - e o mar como horizonte a minha definição particular de felicidade total. 








O nosso alojamento para essa noite, apesar de um pouco fora de mão e completamente alheio a grandes ajuntamentos de pessoas, revelou-se o sítio ideal para terminar um dia tão cheio de emoções e coisas bonitas. Rodeadas de um sossego absoluto, alguns animais e quase sem ver vivalma, aguardamos o cair da noite em paz. 



(continua...)







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