E um pouco de cócega.

"Menina

Há uma imagem de você, moleca, correndo descalça pela grama do Ibirapuera, jogando bola com as minhas filhas. Depois, você cresceu. Nunca mais te vi menina. Amadurecer um pouco não representa matar a menina que tem (forte) dentro de você. Daí a tua tristeza. Acha que a menina morreu. Não é verdade, ela só precisa de estímulo para brincar. E um pouco de cócega."

- Ignácio de Loyola Brandão - 

Há dias em que mal consigo respirar. Um aperto no peito, uma sensação de vazio, uma espécie de tristeza que me vem de dentro dos ossos e me corrói de uma forma avassaladora, quase imparável. Eu, que nunca me considerei uma pessoa triste, tive que aprender a conhecer-me, a decifrar essa tristeza, a trocá-la por miúdos, e a perceber o que me move, o que habita em mim e como. 
O que me paralisa é a falta de sentido, mesmo que o sentido que dou/quero dar à minha vida não faça sentido a mais ninguém a não ser a mim mesma. A ausência de propósito, o ser assim só porque sim, a superficialidade, a banalidade, tudo isso me bloqueia a um ponto de não conseguir viver plenamente, apenas sobreviver. É neste ponto em que me encontro - ando há demasiado tempo a sobreviver aos dias, um após o outro, sem que eles me façam sentido. Daí o não conseguir escrever. E o sufoco acrescido por isso. Pareço um balão prestes a rebentar, mas que continua a subir, subir, desnorteado. 

Sinto que carrego o mundo às costas e vários mundos dentro de mim. Preciso conseguir pô-los cá fora, alinhá-los, permitir que vivam e respirem livremente. Antes que os dias se esgotem e eu me transforme em alguém que não quero ser.


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