Mostrar mensagens com a etiqueta museu. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta museu. Mostrar todas as mensagens

Scotland, ye bonnie land XI

Espremer Glasgow até à última gota de whisky




Tendo chegado a Glasgow já tarde no dia anterior, mortas de cansaço e a precisar de uma boa noite de sono, não nos aventuramos demasiado pela cidade até à manhã do dia seguinte. Na véspera, no entanto, ainda tivemos tempo para um delicioso jantar num restaurante bastante acolhedor - como estávamos mais exaustas do que famintas, pedimos apenas alguns petiscos, que nos deixaram com uma enorme vontade de voltar com mais apetite para experimentarmos todo o menu principal. Ficámos com a sensação que se come muitíssimo bem em Glasgow.




Depois de uma noite repousante e um delicioso Scottish breakfast, saímos para explorar a cidade e medir-lhe o pulso. Começamos por vaguear por entre ruas e parques, observando as pessoas e o ritmo daquela manhã fria de Primavera. Perder-me numa cidade é uma das minhas coisas preferidas na vida. Nada melhor do que aquela sensação de descoberta a cada esquina, o encontro com o desconhecido e com estranhos que, mesmo se apenas momentaneamente, se tornam amigos de uma vida inteira.  
   


A meio da manhã fomos visitar o afamado Kelvingrove - Art Gallery and Museum. Localizado num edifício lindíssimo, é uma das atrações gratuitas da cidade, aconselhável a todas as idades. Vale bem a visita e um vaguear demorado por todas as galerias.






Não sei quanto tempo ficamos a observar o órgão e os candelabros, mas foi o suficiente para sairmos de lá com dúzias de fotografias. 



Algumas das minhas salas preferidas foram as que albergam uma seleção das peças desenhadas por Charles Rennie Mackintosh. Não me importava nada de ter trazido umas quantas para casa. 


Um pouco da história da sociedade tradicional escocesa, os vários clãs e respectivos tartans.



Saímos de olhos lavados e alma cheia, aquecidas pela atmosfera acolhedora do museu e pela pequena pausa para café.



Atravessámos o Kelvingrove Park até à Universidade de Glasgow, deliciadas com as flores de cerejeiras que nos receberam em todo o seu esplendor. A manhã já ia longa, mas apetecia parar e absorver cada pormenor do parque e do edifício muito bonito da Universidade. Assim fizemos.










Vagueamos lentamente por entre os vários edifícios do campus, os claustros e pátios, pensando em voz alta como deve ser bom estudar num sítio assim e fazendo planos apressados para voltarmos aos bancos da faculdade. 
Quando a fome começou a apertar, montamos o nosso piquenique num jardim de tulipas junto à Universidade e almoçamos na companhia de um sol radioso e de estudantes de várias nacionalidades, que aproveitavam a pausa para a recarga de vitamina D e conversas animadas em vários idiomas. 



Depois do almoço, continuamos a nossa deambulação pelas ruas da cidade, passando algum tempo no boémio e acolhedor bairro de West End.






A panca pelos detalhes e por janelas mantém-se, como se pode observar pelas muitas fotografias. E o prazer por espreitar para dentro das casas e inventar histórias sobre as pessoas que lá vivem, também! 





A meio da tarde, fizemos uma pausa numa das ruas mais pitorescas da cidade. Ashton Lane é bastante conhecida entre os locais, mas pode facilmente passar despercebida aos turistas por ser uma pequena rua calcetada um pouco recôndita. No entanto, alberga alguns dos bares e restaurantes mais apreciados pelos habitantes de Glasgow.


Depois de uma prova demorada e de uma agradável conversa com o empregado do pub, que me prometeu experimentar Super Bock uma vez que até tinha Sagres à venda, lá me decidi por um whisky com uns toques de mel e carvalho fumado. Dizem os escoceses que é a “água da vida” e entendo do que falam. É revigorante e transporta-nos no tempo, envolvendo-nos com um manto de veludo ancestral. 




Acabamos a tarde na Catedral de São Mungo, o edifício mais antigo da cidade e a catedral mais antiga da Escócia. Como sempre, fiquei completamente fascinada pelos vitrais e ainda passámos um bom bocado de pescoço erguido a observar toda aquela beleza. 






Seguindo a recomendação de uns simpáticos senhores,  a cuja mesa nos sentáramos no pub apenas umas horas antes, após um amável convite que nos permitiu descansar por algum tempo numa esplanada completamente cheia e aproveitar o tímido sol de Primavera que se fazia sentir. No meio de uma animada conversa sobre Portugal, a Escócia, a novela do Brexit e as particularidades da vida em Londres, foi-nos sugerido que não deixássemos de visitar a necrópole situada atrás da Catedral. Assim fizemos, aproveitando a serenidade do local para nos despedirmos da Escócia. 


Foi o sítio ideal para terminarmos a tarde e fecharmos a viagem antes de rumarmos até ao aeroporto, para darmos início a outra viagem, uma das mais longas e dolorosas das nossas vidas. Saídas de Glasgow, fizemos escala em Londres o tempo suficiente para tomarmos um duche rápido, fazermos uma outra mala e seguirmos viagem para o Porto, via Faro, com uma interminável viagem de comboio pelo meio. Chegámos a tempo de dar um beijinho à Ji e nos despedirmos. Agarrada à mão dela até ao seu último suspiro, repeti vezes sem conta, numa ladainha silenciosa: vai em paz, fizemos tudo como te prometemos. Tenho a certeza absoluta que me ouviste, Ji. Para sempre!